QUENTE e LETRISTA

'Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam...'

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Martha Medeiros e Woody Allen


“Às vezes, os clichês são a melhor forma de dizer as coisas”. Frase enfática do novo filme de Woody Allen (Tudo Pode Dar Certo) me faz perdoar escritores como a Martha Medeiros e o próprio Woody Allen, a quem eu sempre despejei muitas críticas nada sutis.


O que me convenceu foi que, por mais que os escritores tentem se expressar de forma mais inteligente e objetiva, são aqueles que usufruem sem moderação dos clichês que conseguem atingir a maioria do público. Maior exemplo disso é a Martha Medeiros, que semanalmente escreve na página 2 do maior jornal do RS as maiores idiotices das quais tenho acesso. Nesse mesmo momento, há mais pessoas lendo Martha Medeiros do que Clarice Lispector – por que? Porque Martha Medeiros todos entendem. É rápido, é corriqueiro, e o melhor, não deixa marca alguma, não deixa aquela pulguinha atrás da orelha que não nos deixa dormir. Clarice Lispector era uma mulher racional demais, complicada demais, intensa demais - o que para alguns é fatal. Martha Madeiros é simples, nem muito salgado, nem muito doce – é tudo aquilo que você já sabe escrito numa folha de jornal.



Quanto ao Woody (olhe que intimidade a minha!), gostei dos diálogos do filme. São bem inteligentes e podem nos fazer perder o sono em alguma noite. Mas, aqui entre nós, vocês também acharam o roteiro, em uma perspectiva de essência, igual ao de Vicky Cristina Barcelona? Eis o maior clichê!